A primeira do ano foi em Isenau
Passaram quase dois anos desde a minha primeira visita ao “Col du Pillon” a 1’550 mts. Acreditem que mesmo quando se repetem voltas, estas nunca são iguais, quer nas sensações, quer nas paisagens, nas cores, etc…; é como se as fizéssemos pela primeira vez. Numa sociedade que promove a mudança a qualquer preço, atrevo-me a comparar a sensação de repetir voltas ao fazer amor com a mesma pessoa durante (x) anos consecutivos. Claro está que convêm não abusar na cadência e aplicar algumas variantes de forma a atingir o objetivo (sempre subjetivo para os demais) 😊.
“Étant donné” que os meus camaradas nunca tinham caminhado com raquetes, a primeira coisa a fazer, foi indicar-lhes as características de umas boas raquetes e deixar-lhes entregue o poder da aquisição, isto porque aqui nas Terras Helvéticas os preços deste tipo de equipamentos não são similares ao do resto da Europa. Para terem uma ideia umas raquetes + uns “sticks” novos de uma marca dita “normal” arrancam logo acima dos 350 CHF (claro que se não houver azar é um investimento para a vida).
Para esta primeira experiência e de forma a alimentar o vício para as vindouras, resolvi conduzi-los à famosa estância de ski “Les Diablerets”, não muito longe das famosas pistas do “Glacier 3000”. “Je devais leur en mettre plein la vue” 😊.
O dia a princípio estava uma “shit”, aliás começou a nevar e a seguir a chover. Comecei como diz o povo a “ber a minha bida andar oh patràs”, isto porque a malta ainda investe uns cobres e sobretudo tempo em cada saída e como todo investidor, gostamos de ver ou ter alguma rentabilização no investimento.
Bem sei que “le MAM ou mal aigu des montagnes” é sobretudo provocado pelo mau funcionamento da nossa máquina a estas altitudes, mas aqui ataca-nos uma vontade de acharmos que tudo é possível, então quando admiramos aquela encosta que nos conduz a “Scex Rouge” 2’971 mts, a nossa mente é invadida por pensamentos de loucura 😊; talvez seja mesmo este o verdadeiro MAM.
Ao invés de repetir a volta realizada, optei por (não se esqueçam do amor 😊) fazer algo diferente, conduzindo-os até à estância de ski de “Isenau” a 1’767 mts.
No meio claro, tivemos direito a uma queda enrolada tipo bola de neve do camarada Angel, isto quando descíamos uma encosta com neve muito fresca, acabadinha de cair. Ficou assim provado que afinal este anjo não “boa” 😊.
Amigo devemos sempre levantar bem “as traineiras” para evitar que uma pise a outra, mas deixa lá, não foste o primeiro, nem serás o último a fazer este tipo de cenas!
Há dias um conhecido meu atirou-me a seguinte reflexão, “Olha Alexandre, não sei como perdes tempo a fazer crónicas sobre caminhadas na neve, para mim, neve é neve e uma montanha com neve é sempre igual a outra montanha com neve, “so what’s the point”.
Pois é companheiro, como dizia Honoré de Balzac “O homem morre a primeira vez quando perde o entusiasmo” e acho que é disto que sofre em grande parte a nossa sociedade. A grande maioria das gentes que conheço transformou-se em zombie, sendo a palavra de ordem, a crítica.
Acordem camaradas, deixem-se de tretas, de moleza, façam com que aconteça, criticar é fácil, deitar abaixo ainda mais, mas fazer o mesmo ou melhor ainda, tá quieta, dá trabalho, não dá …
No final esta volta saldou-se em +/- 8 kms. Se alguém desejar repetir, deverá contar com +/- 4 horas investidas em deslocações desde Lausanne.
Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…
Alexandre Pereira
Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…
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