Goethe, Mark Twain, Lenine e Picasso maravilharam-se com o Col de la Gemmi

"O que conta na vida não é o mero facto de termos vivido. É a diferença que fizermos na vida dos outros que determinará o significado da vida que levámos.", assim falou Nelson Mandela, paz à sua alma.

Para esta nova aventura necessitava de algo que me enchesse os olhos e marcasse os espíritos, vai daí comecei como sempre as minhas pesquisas “internetais”. Como devem calcular, procurar paisagens fantásticas, não é como procurar pornografia, digamos que é muito mais difícil, mais complicado.

Após imensas pesquisas eis que caio em cima do “Col da Gemmi” e que segundo os escritos, era uma passagem que permitiu desde a época romana realizar a passagem entre o cantão do “Valais” e o cantão de “Bern”. O transporte de pessoas e mercadorias fez-se durante vários séculos através de liteiras, transportadas por carregadores e mais tarde por pequenas carroças puxadas por cavalos.

É de louvar e admirar o trabalho realizado por estas gentes, pois conseguiram vencer ao longo dos séculos um desnível de quase 1'000 mts em cerca de 4 a 5 kms. Este trilho não é aconselhável a quem sofre de vertigens (as fotos falam por si).

Aproveitei o dia 10 de Setembro para convidar o companheiro Luís a acompanhar-me na realização deste trilho.

Como não podia deixar de ser, a aurora fez-se cedíssimo, pois queríamos iniciar o trilho até às 10h00 da manhã. Assim sendo e após 2h30 de comboio e autocarro na parte final, estávamos em “Loèche-Les-Bains” a 1'375 mts. Aí apanhamos um teleférico que nos conduziu até aos 2'346 mts donde arrancamos para o nosso périplo.

No total efetuamos cerca de 18 kms, sendo que volta inicia junto ao hotel “Wildstrubel”, explorado pela terceira geração a 2'346 mts, daí atravessamos o lago “Daubensee” a 2'200 mts. De salientar que no inverno este lago gela e muita boa gente para atalhar caminho, aproveita para o atravessar, mas basta que o gelo não esteja na boa espessura para que muitos deixem lá o coiro. Foi exatamente isso que aconteceu a um “chico esperto” no passado dia 11.06 do corrente ano, quando a cerca de 70 mts da margem, o gelo cedeu e o homem ficou a espernear debaixo deste.

Após passarmos o lago, continuamos até ao Hotel “Schwarenbach” a 2'206 mts onde retemperamos forças e efetuamos meia-volta para regressarmos ao teleférico e daí iniciamos o “Col da Gemmi” propriamente dito.

Embora o trilho na sua totalidade tenha cerca de 60 a 100 cms de largura, aqui, o erro de avaliação de distâncias ou a própria distração paga-se com a própria vida.

Como não podia deixar de ser, e porque em setembro estávamos, apanhamos num só dia três estações, só faltou mesmo nevar 😊.

As paisagens eram brutais, mas a zona onde nos sentimos tão insignificantes é na passagem escarpada dos 2'055 mts para os 1'725 mts, isto é, em 300 mts de trilho, descemos outros 300 mts. Simplesmente fantástico.

Foi nessa altura que ouvimos um ruído de “Rolling Stones”, não confundir com o grupo, parecia como se algum gigante estivesse a brincar a fazer rolar pela encosta abaixo, calhaus. Olhamos para todo o lado e não vimos nada, pensamos que talvez fossem algumas pedras a soltarem-se da rocha mãe pelo efeito da erosão e do calor que se fazia sentir na altura.

Após alguns minutos e porque o ruído era constante e aumentava de intensidade, conseguimos ver na encosta em frente uma família de quatro “Bouquetins” que se dirigiam a alta velocidade encosta abaixo para os verdes pastos.

Era impressionante a forma como se deslocavam, parecia que as patas tinham ventosas, pois saltavam de rocha em rocha como se bailarinas fossem. Para um melhor entendimento das minhas afirmações, em algumas fotos indiquei a posição destes senhores, e que senhores.

Como diria David Hume, "A beleza das coisas só existe no espírito de quem as contempla." E meus amigos (as), esta posso vos garantir que é uma volta que vos enche as medidas e consegue deixar-vos de boca aberta; tendo sido talvez por isso que Goethe, Guy de Maupassant, Mark Twain, Lenine e Pablo Picasso ficaram maravilhados quando por aqui passaram.


Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira

Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…

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