A minha primeira vez com raquetes

Como sabem as minhas incursões em montanha durante o período invernal (queda de neve) sempre foram escassas, isto devido ao facto de não ter equipamento à altura. Há já algum tempo que tinha decidido adquirir logo que possível uns apêndices que me permitiriam caminhar na neve, vai daí, investi numas raquetes da marca TSL, modelo 226.

Após imensa recolha de informação e conversas com lojas especializadas, optei por este modelo, isto porque me permite fazer caminhadas até aos 3.000 mts para além de possuir um mecanismo de engate rápido e ainda um sistema traseiro que permite que em zonas de forte inclinação possamos caminhar como se de uma zona horizontal se tratasse.

Sendo um leigo na matéria e para não fazer figuras tristes (sempre subjetivo), achei de bom-tom fazer esta primeira experiência numa zona não muito difícil e abaixo dos 1’500 mts, tendo a escolha recaído sobre “Les Pléiades” que já conhecia minimamente (ver crónica 017).

Realmente o sistema traseiro que nos ajuda a vencer terrenos de grande inclinação funciona lindamente, assim como o sistema de aperto rápido. O único senão quando caminhamos em longas distâncias na neve é que para além do nosso peso ainda arrastamos 3 Kg (botas + raquetes).

Após alguns kms percorridos e três “quase quedas” motivadas por folga nos apertos rápidos (quando caminhamos as raquetes por vezes chocam entre elas), parei para tentar perceber o que estava mal e não é que constato que os apertos ao invés de estarem do lado de fora estavam do lado de dentro. Os “Rookies” têm destas coisas, toca a mudar as raquetes de pés.

Ao longo da caminhada apercebi-me de alguns pormenores técnicos, ou seja, escolher de preferência caminhar em terrenos com “poudreuse” macia isto porque não nos enterramos e até parece que voamos (sensação de flutuação); se bem que as raquetes na sua base possuam 6 pitões em ferro para aderir ao gelo, o certo é que nesse tipo de terreno o pé sofre pois a raquete não consegue manter uma posição horizontal e estamos sujeitos a entorses. Caminhar na neve e em locais inclinados sem “sticks” revela uma grande falta de bom senso, pois estes são uns excelentes auxiliares.

Para uma primeira experiência, adorei, aliás fiquei viciado e já só penso na próxima.

O único senão da volta foi realmente a temperatura de -10ºC que se fazia sentir assim como o intenso nevoeiro que impedia ver pontos de referência e que em alguns casos motivou enganos no trilho a seguir.

No final, esta volta saldou-se em 12,5 kms de caminhada, 583 mts de acumulado de subida, tendo apenas atingido os 1’400 mts de altitude máxima.


Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira

Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…

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