No Lac de Taney encontrei Notre dame des Neiges

Passou quase um mês desde a minha última aventura. São várias as razões para que esta situação ocorra, das quais salientava o “shit weather” isto é, não tem parado de chover aos fins-de-semana e a outra é que tenho andado a frequentar uma formação durante a semana e que se prolongará por 6 meses (uma vez que ainda não encontrei novo patrocinador, há que investir em formação de forma a seduzi-lo, a ver vamos…).

Eram 08h30 quando apanhei o RER (comboio) que me conduziria até Villeneuve, local situado junto ao Lac Léman e onde iniciaria a minha aventura. Para quem desejar transportar a bicla desde Nyon até Villeneuve informo que custa somente 12,00 CHF (viagem de um dia, num raio de 70 kms), daí que não faltam alternativas para aventuras futuras.

Os primeiros 15 kms foram efetuados “a brincar” dentro do “Parc Les Grangettes”, santuário da passarada migratória. Andei por tudo quanto era lugar, vi imensas variedades de pássaros, sendo o único inconveniente o facto de não ter conseguido fotografar o quer que seja, isto porque para tal necessitava de um equipamento com maior poder de captação, mas mesmo assim enchi os olhos.

Após esta descoberta resolvi atacar a minha subida, dirigi-me a Vouvry, tendo atravessado o Rhône (rio que quase toda a gente desconhece nascer na Suiça) através da única ponte existente num raio de 10 kms.

A subida numa primeira fase levar-me ia até à central térmica de Chavalon (835 mts), pois é, ainda me encontrava longe dos 2’027 mts propostos (Grammont), mas como diz o adágio “Quem corre por gosto não cansa”.

Quem me conhece sabe que gosto de subir, mas quando cheguei a “Le Fion” (1’080 mts), mal sabia o que me aguardava. Desenhar trilhos no Google Earth é canja, o pior é que somente “in loco”, nos apercebemos da “mer..” em que nos fomos meter. No início ainda subi montado, mas à medida que avançava, aumentava o declive e a vontade de desmontar, pelo que ao fim de 500 mts que me pareceram 5 kms, desmontei. Nunca tinha visto inclinações desta natureza num caminho aberto ao público, agora entendo o porquê do parque de estacionamento na sua base e a existência de um táxi parecido com um Hummer. Claro que à medida que subia com ela à mão, cruzei imensos caminheiros a descer que me olhavam com aquela cara que é um misto de surpresa e de gozo, estão a ver a cena (nada a que o Je não esteja habituado). Outros passavam por mim, admirando o feito e desejando-me boa sorte para chegar lá acima, coisas da vida. Mesmo assim passaram por mim alguns aventureiros nos seus 4x4 que “chiavam” por todos os lados, tal era o esforço exigido ao motor. Após 2 kms muito sofridos e tendo ultrapassado um desnível de 370 mts, sempre cheguei ao topo (nunca mais aprendo ou talvez este sacrifício e/ou martírio seja a forma encontrada para expugnar os meus pecados 😊)

Chegado ao “Lac de Taney” 1’415 mts, dei por bem empregue este sofrimento (as fotos falam por si). Mesmo assim e porque a missão ainda não estava concluída, resolvi prosseguir e qual não é o meu espanto ao descobrir gravado no “Grammont” a “Notre Dame des Neiges”. Pensei que delirava fruto do esforço, mas não (vejam a foto e tentem desenhar os contornos).

Após tirar esta foto (1’598 mts) e constatando que o resto da subida não seria praticável em cima da bicla, resolvi dar por finda a minha aventura.

Não contente com a situação, acabei por aplicar à letra a fábula da raposa e das uvas, acabando por seguir um outro trilho, descoberto na hora, que me conduziria novamente ao lago e daí a Villeneuve.

Tratou-se de uma volta bastante exigente (para não utilizar outros termos) e no final da descida tinha os discos de travão em brasa. A beleza da volta reside no prazer da descida, afinal sempre são + de 15 kms a todo gás.

Na chegada a Villeneuve (estação de comboio) tinha realizado cerca de 66 kms e antes das 18h00 já me encontrava de regresso ao apart.


Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira

Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…

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