Se eu fosse Gulliver, chutava a Dôle

Já lá vão mais de dois anos que todos os dias passo de comboio em Nyon a caminho de Genève, e ainda há quem se queixe por trabalhar a 10 minutos de casa; pois é meus amigos eu todos os dias faço 130 kms para, passo a expressão “ganhar o pão que o Diabo amassou”, e nem vou comentar os meus horários assim como o tempo diário de trabalho. Como diz o povo, cada um só tem aquilo que merece 😊.

Isto tudo para vos dizer que há já muito tempo, namorava “La Dôle” e os seus 1’677 mts. Para quem não conhece o espaço, trata-se a seguir ao “Mont Tendre” da segunda montanha mais alta do “Jura”. O local em si é um importante centro de comunicações, com um número considerável de radares que auxiliam os operadores do aeroporto de Genève. Quando virem as fotos compreenderão que o conceito de segurança nas Terras Helvéticas difere um pouco do americano.

Para uma volta realizada nos inícios de Novembro do ano passado, o dia estava uma beleza, dia solheiro com temperatura não muito baixa embora estivéssemos a entrar em período das primeiras quedas de neve.

O companheiro Angel mais uma vez não pode participar já que a sua fiel amiga foi reencaminhada para Portugal para sofrer uma operação ao nível do eixo pedaleiro e desde essa altura ainda se encontra pelas Terras Lusas em período de convalescença.

“Amigo, je te conseille vivement de ramener ta copine le plus bite possible, sinon tu ba ber nabios nas próximas boltas, fastend…” (só para que conste e para os puristas, foi escrito erradamente propositadamente).

Mal chegamos a Nyon (410 mts), apanhamos o comboio que nos conduziria ao início do nosso périplo, ou seja, Saint-Cergue (1’045 mts). O objetivo era seguir pela encosta Norte a pouco mais de 300 mts da fronteira francesa e daí atingir “La Dôle” (1’677 mts). No final foram +/- 35 kms de puro prazer.

Esta será, pois, uma volta a repetir na companhia dos ausentes e novos camaradas que desejem se juntar ao grupo, mas aviso desde já que a mesma será efetuada sem paragens para “fotoshootings or whatever”.

Só faltava mesmo que antes disso e num desses dias de nevoeiro o “Gulliver” num dos seus regressos atormentados e ainda sob o efeito dos elixires de Baco, se coloque em posição de remate e chute “La Dôle” e para cúmulo do azar, acerte no “Mont-Blanc”. Não esquecer que a Lei de Murphy existe por alguma razão.

Como diria Henri Amiel “Uma paisagem qualquer é um estado de alma” e aqui o “Jura Vaudois” revela todo o seu esplendor.

Esta foi das poucas voltas que digo à boca cheia repetirei sem nunca me enfadar, pois encontra-se muito perto (apenas 1h15 de comboio até ao arranque da volta), tem singles fantásticos e é inferior a 40 kms.


Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira

Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…

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