Subida ao Kronberg ou o Curtir das Carnes

O dia hoje apresentava-se soalheiro, convidativo para uma incursão em alta montanha. Como da minha estância, consigo ver o Säntis, tudo me levou a crer que por lá as temperaturas seriam amenas. Errado, esqueci-me do factor altitude.

Vai daí, toca a vestir umas calças (com alças) de Inverno (optei por umas mais finas ao invés das que habitualmente utilizo no Gerês (são mais quentes), um Jersey manga curta e por cima um Jersey manga comprida (Maratona 5 cumes) e para finalizar uma fita recentemente adquirida para proteger os ouvidos do frio e do vento.

Saí às 9h30 e regressei à base pelas 16h30, tendo percorrido cerca de 60 kms.

Altitude mínima 736 mts e altitude máxima 1’652 mts.

Agora, perguntam vocês. Como é que andaste tão rápido desta vez?

Pois, fruto das minhas opções erradas no que toca à indumentária, tive de rolar em permanência, isto para me manter quente.

Estava sol na verdade, mas a temperatura andava entre os 6ºC nos vales e 3ºC na montanha, para não falar do vento que se fazia sentir. Nas zonas de sombra então, nem se fala, tal era o frio. A roupa deixava entrar ar por todos os poros (boa para Portugal, mas aqui não serve). O nevoeiro de montanha ganhou sempre ao sol, por vezes parecia que ia começar a chover (chuva de molha tolos).

Apenas parei para os registos e para meter alguma coisa no bucho.

No meio disto tudo, a fita para protecção dos ouvidos cumpriu muito bem a função (nem frio, nem dor). Acreditem que teria abortado a volta se não a tivesse levado, pois o desconforto era mesmo muito.

Foi uma volta muito sofrida, não tanto pela dureza da mesma (acho que já me habituei a estas duras subidas, subo-as mecanicamente, sem pensar, sempre com os olhos postos na miragem da chegada ao objectivo proposto), mas sim, pela sensação de desconforto, daí a sugestão do título.

Curtir as carnes, significa segundo o dicionário “…suportar sofrimento ou situação penosa = aguentar, padecer, sofrer…” ou ainda “…tornar mais forte, mais resistente = calejar, endurecer…”

Tal como frisado anteriormente, à parte o frio, esta volta é espetacular (foi a cherry no top of the cake 😊), pois consegue conciliar singletracks de uma beleza ímpar, descidas técnicas como há muito já não fazia e de cortar a respiração, tal era o grau de inclinação; assim como variedade de relevo, ora em campo aberto, ora no interior de floresta, um must mesmo.

A seu tempo veremos, mas julgo que para este ano, esta foi a minha última incursão em BTT à zona do Säntis, uma vez que a partir da próxima semana começa a cair neve a sério.

Não sei por onde irei andar de ora em diante, mas com certeza não os irei decepcionar 😊.


Cumprimentos betetistas e até uma próxima crónica…

Alexandre Pereira

Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…

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