Foram necessários 8 anos para conseguir atingir o Kuklos

Em crónicas anteriores mencionei ter encontrado na net um grupo de “grandes malucos” que gosta de colocar os nervos à prova e testar as nossas unhas para o toque da guitarra. Assim sendo, lancei-me o desafio de repetir este ano algumas das suas 30 voltas catalogadas.

Eis, pois, a primeira volta realizada esta terça-feira, que me permitiu quase 8 anos após, atingir o “Restaurante Kuklos” a 2’048 mts. Para quem desconhece, este restaurante executa uma volta completa (360°) em 1h30 enquanto metemos algo na barriga.

O restaurante só abre em Junho, azar 😊.

Arranquei de “Leysin” pelas 09h30 isto após uma viagem (2 comboios) de 1h30 (aquilo que um gajo não faz por amor 😊).

Numa das fotos deste post, podem ver o “bichinho” que tive o prazer de ver aterrar a cerca de 50 metros. Em conversa com o piloto, este informou-me que pode levantar cerca de 2’700 Kgs e que o facto das hélices estarem colocadas na diagonal em vez da horizontal se deve ao tamanho destas. O modelo é um Kaman K-Max K-1200, que consome 320 Lts/hora de querosene. É um dos poucos helicópteros, capaz de transportar uma carga superior ao seu próprio peso de 2’300 kgs.

Quando agendei a volta, tinha programado antes de subir ao “Kuklos”, subir ao monte oposto a 2’204 mts, isto porque o grupo de malucos tem outra volta na zona e queria ver o que me aguardava do outro lado do monte. Penso que facilmente compreenderão porque não tentei sequer subir e se eventualmente no futuro for atacado pelo vírus da comichão, lá terei que cá regressar, de preferência acompanhado 😊.

Como constatam pelas fotos, o dia não podia estar melhor, com temperaturas de +/- 20°C.

Esta volta está catalogada no grupo como sendo Enduro e com um grau de dificuldade de 3 em 5. No início da segunda parte (descida) compreenderão melhor, assim como eu, o que isto quer dizer 😊.

No que me toca, sempre defendi que praticar BTT é sempre que possível em cima dela e por vezes ao lado ou ainda às costas. Nesta volta em muitas ocasiões da descida, não tenho vergonha de afirmar que passei mais tempo ao lado do que em cima 😊.

Acreditem que em alta montanha e em trilhos mais complicados, satisfazer o “EGO” deixa de ter qualquer sentido 😊.

Enquanto tentava domar o GPS a 1’523 mts, pois não conseguia acertar no caminho a seguir, encontrei um homem fantástico de seu nome Jean-Marie. Conversa puxa conversa e durante cerca de 30 minutos, acabamos por filosofar sobre a vida, a morte, o cosmos, a energia. Realmente daqueles encontros que nos deixam marcas e que nos fazem acreditar que nesta vida, nada acontece por acaso 😊.

Este senhor para além de ser um bom conversador, é o responsável de uma associação de inserção de jovens em dificuldade (delinquentes), isto é, em vez de cumprirem as penas na prisão, o estado envia-os para a montanha por um período no mínimo de 6 meses, de maneira a que ganhem novos hábitos e aprendam a viver em total simplicidade (sem água corrente, sem luz, sem televisão, sem telemóvel, etc…). Durante esse tempo, realizam tarefas manuais, isto é, cortar lenha, cortar erva, cuidar de vacas, etc…

Dados da volta

- Altitude máxima – 2’048 mts

- Altitude mínima – 399 mts

- Acumulado de subida – 784 mts em apenas 7 kms 😊

- Acumulado de descida – 1’778 mts

- N°total de Kms – 25 Kms até Aigle.

Como achei pouco 😊, efetuei mais 10 kms em luta contra o vento e acabei por apanhar o comboio em Villeneuve.

Termino esta crónica com uma tirada do Hermann Hesse “Só há felicidade se não exigirmos nada do amanhã e aceitarmos do hoje, com gratidão, o que nos trouxer. A hora mágica chega sempre.”

Em verdade em verdade vos digo 😊, a minha hora mágica chegou vai para quase 10 anos, quando me desalapei das Terras Lusas e assentei arraiais nestes montes, montanhas e vales Helvéticos.


Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira

Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…

Podem visualizar esta crónica com os respetivos comentários às fotos no FORUM BTT. Ler o post (resposta) #945 e 946.