Sempre que comer um pão pita lembrar-me-ei da Origem do Mundo

Por alturas do meu aniversário no ano passado e tendo ouvido falar do parque “Accrobranche de Ornans”, decidi lá dar um salto na companhia da família.

Habituado a andar nas alturas e precipícios nas montanhas, andar aqui no cimo das árvores não é bem a mesma coisa, digamos que temos de ter boas noções de equilíbrio e não nos deixarmos impressionar muito, mesmo que por vezes, bastantes mesmo, tenhamos a sensação que os cabos de aço irão acabar por nos atirar no vazio. Por vezes em alguns obstáculos aquilo treme por todos os lados.

A minha primeira experiência neste tipo de parques foi nas Terras da Maria da Fonte, como não podia deixar de ser, mais propriamente na DiverLanhoso. Na altura achei o máximo, efetuei o percurso “soi-disant” mais difícil que eles tinham, mas agora compreendo que estava a milhas da realidade 😊.

Foi também em “Ornans” que fiquei a saber que o pintor Gustave Courbet era originário desta vila. Tendo visitado o museu que foi erigido na sua casa natal, fiquei a conhecer mais alguns dos seus quadros e da sua história, e que história companheiros (as).

Foi aqui que vi a sua “master piece” pintada a pedido do diplomata turco Khalil-Bey e que tanta tinta fez correr, como quando em 1878 o crítico de arte Maxime du Camp escreveu o seguinte:

“Pour plaire à un très riche musulman qui payait ses propres fantaisies au poids de l’or et qui, pendant quelques temps, eut à Paris une certaine notoriété due à ses prodigalités, Courbet, ce même homme dont l’intention pompeusement avouée était de renouveler la peinture française, fit un portrait de femme bien difficile à décrire. Dans le cabinet de toilette du personnage étranger auquel j’ai fait allusion, on voyait un petit tableau caché sous un voile vert. Lorsque l’on écartait la voile, on demeurait stupéfait d’apercevoir une femme grandeur naturelle, vue de face, extraordinairement émue et convulsée, remarquablement peinte, reproduite con amore, ainsi que disent les Italiens, et donnant le dernier lit du réalisme. Mais par un inconcevable oubli, l’artisan, qui avait copié son modèle sur natures avait négligé de représenter les pieds, les jambes, les cuisses, le ventre, les hanches, la poitrine, les mains, les bras, les épaules, le cou et la tête. Il est un mot qui sert à désigner les gens capables de ces sortes d’ordures, dignes d’illustrer les œuvres du marquis de Sade, mais ce mot, je ne puis le prononcer devant le lecteur, car il n’est usité qu’en charcuterie.”

Neste mundo regido pelos algoritmos que não conseguem fazer a diferença entre arte e uma imagem hardcore, fiquem sabendo que não sei até quando ficará online a foto 12 do post anterior, isto porque apenas alguns minutos após ter colocado online (alojado), recebi um email informativo que esta seria “erasada” e eu eventualmente expulso. Como eu adoro as novas tecnologias 😊


Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira

Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…

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