Como ir à Casa do Penedo sem ficar pelo meio

Arthur Schopenhauer escreveu o seguinte “Distância e longa ausência prejudicam qualquer amizade, por mais desgostoso que seja admiti-lo. As pessoas que não vemos, mesmo os amigos mais queridos, aos poucos se evaporam no decurso do tempo até ao estado de noções abstratas, e o nosso interesse por elas se torna cada vez mais racional, de tradição.” e Agostinho Silva o seguinte “Entre um homem e outro homem há barreiras que nunca se transpõem. Só sabemos, seguramente, de uma amizade ou de um amor: o que temos pelos outros. De que os outros nos amem nunca poderemos estar certos. E é por isso talvez que a grande amizade e o grande amor são aqueles que dão sem pedir, que fazem e não esperam ser feitos; que são sempre voz ativa, não passiva.”

Qual dos dois terá razão? Pois é, os dois, a vida tem-me dado provas suficientes nos dois casos de que assim é 😊, mas a amizade é como o amor, tem de ser alimentada e acreditem não são necessários grandes investimentos, tão somente boa vontade 😊.

Há já vários anos quando para as Terras Helvéticas me deslocalizei que tive conhecimento da famosa “Casa do Penedo”. Para quem nunca ouviu falar, deixo-vos abaixo este pequeno texto do Público escrito em 05.10.2009. Que fique bem claro o recém-falecido Belmiro de Azevedo não me solicitou o quer que seja antes da sua partida.

Há quem vá a Fafe à procura da Casa do Penedo a pensar nos Flintstones

Casa construída em 1974 por um engenheiro de Guimarães está a dar que falar na Internet e a levar turistas a Fafe. Há muito que o dono, Vítor Rodrigues, deixou de conseguir descansar ali.

As fotografias circulam na Internet, infiltram-se na imprensa internacional, alimentam intermináveis discussões sobre imagens reais e imagens manipuladas. Que fique bem claro: a Casa do Penedo existe e mora no limite de Fafe, na fronteira com Celorico de Basto.

Desde a cidade, nas aldeias que ladeiam a estrada nacional 311, o povo já se habituou a ver passar forasteiros em busca da casa que parece saída da série animada “The Flintstones”, imaginário da Idade da Pedra criado pela dupla Hanna-Barbera.

O dono, Vítor Rodrigues, nem consegue ali saborear sossego. Acontece-lhe sentar-se na sala e, de repente, aparecer alguém a espreitar pela janela. Há até quem abra a porta e entre. Aos domingos, parece uma romaria. É como se estivessem à espera de encontrar o operador de dinossauro Fred, a esposa Wilma e o filho Pedrita. Só que ali ninguém come costeletas de brontossauro. Embora, abaixo da piscina, até haja uma casa do forno e outrora houvesse uma mesa de cimento.

O velho Amândio Ribeiro - ágil nos seus 84 anos - lembra-se de vender parte deste terreno a vinte e cinco tostões o metro quadrado: "Um dia, apareceu um empreiteiro com um engenheiro que tinha uma esposa com uma doença que a obrigava a apanhar ar. Ele queria comprar aquilo. Além de mim, havia outros proprietários - também fizeram negócio". "Uma obra de arte"

A memória de Vítor, o herdeiro, dita uma história um tanto diferente. O pai costumava caçar perdizes por aqui. Certo dia, na Primavera de 1972, veio apanhar grilos com os filhos. De rompante, caiu uma chuvada. O piquenique transferiu-se para o carro. O sol regressou e o pai tinha os olhos nos quatro penedos. E se fizesse uma casa de fins-de-semana?

Pelo monte que as chamas devoraram apenas passavam caçadores e guardadores de rebanhos. A Lameirinha era a paz. E as vistas que Amândio não se cansa de gabar: "De um lado, a serra do Marão, a Senhora da Graça. Do outro, os montes do Sameiro (Braga) e da Penha (Guimarães). No cimo, com pedrinhas a ligar penedos, o engenheiro fez [em 1974] uma obra de arte."

Registaram-na como abrigo de montanha. Pelas janelas gradeadas dá para espiar a cozinha/sala. Uma estreita escada de madeira conduz ao primeiro andar. Cada quarto tem a sua forma - triangular, retangular, conforme permitiram os penedos. As camas foram feitas à medida.

"Eu vinha cá muitas vezes", diz o idoso convertido em cicerone. "Uma vez fui lá dentro: "Senhor engenheiro, trago-lhe o jornal." Ele disse: "Aqui não quero telefones, jornais, televisões!"" Não havia (nem há) eletricidade nem água canalizada. "Demasiada curiosidade"

No Verão, os miúdos da aldeia enchiam a piscina apoiada num penedo. Muitos nunca tinham visto o mar. Um rapaz nem acreditava que um avião transportava gente. E o engenheiro-pai lá os levava ao Porto, lá lhes mostrava mundo.

O engenheiro-pai morreu há muito. O engenheiro-filho não dorme na Casa do Penedo há 11 anos, desde que o primeiro filho nasceu: "Não me sinto seguro." Passa aqui o dia ou a tarde com a família e ruma a Guimarães. A casa "desperta demasiada curiosidade".

O parque eólico nascido há uns três anos trouxe mais segurança. Manter a casa, porém, afigura-se-lhe uma luta interminável. Ainda há umas semanas lhe roubaram o telhado. "A porta pesa à volta de 400 quilos, é de aço, ninguém a consegue abrir. Serram as grades das janelas. Já partiram os vidros 20 ou 30 vezes. Agora, são à prova de bala. Levam tudo. Até o sofá já levaram. Fiz um sofá que pesa uns 350 quilos, com cimento e tronco de eucalipto."

Foi na Internet que soube ser dono de "umas das casas mais loucas do mundo". A Internet não o apoquenta. Julga que "o que mais estragou a casa foi o rali". A uns metros, fica o salto da Lameirinha, durante anos uma das grandes atracões do Rali de Portugal. E se a convertesse num espaço turístico? "É uma ideia." Vem aí uma grande dose de publicidade. "No ano passado fizeram lá um filme. Ainda não saiu."

Autora: Ana Cristina Pereira

Confesso que quando lá cheguei após todo o sofrimento que “j’ai enduré” fiquei frustrado pois não consegui chegar a menos de 300 mts da casa. Agora entendo o porquê do terreno se encontrar vedado, é aqui que reside a diferença entre os Lusitanos e os Helvéticos. Aqui se porventura uma porta se encontrar aberta (quer seja na cidade ou montanha), alguém fara o favor de a fechar sem ficar obcecado pela curiosidade de saber o que se encontra atrás da porta 😊.

Como podem constatar o Pereira voltou a dar cartas ao realizar mais uma volta memorável, pois foram cerca de 61,5 kms com +/- 1'970 mts de acumulado positivo, sendo que arrancamos de Castelões a 177 mts e alcançamos a altitude máxima no Alto de Morgair a 893 mts, na Serra do Merouço.

Participaram nesta volta os companheiros, Viegas dos “Bravos do Pelotão” que desde essa volta desapareceu em combate. Alguém tem o contacto do Chuck Norris? E ainda os suspeitos do costume, “c’est à dire” Barros, Rolando e Pedro dos “Toupeirinhas do Pedal” ou seja 6 “crazy guys” que se lançaram por esses montes afora.

A companhia, para este, dia não podia ser melhor! Lutámos, todos nós, contra as várias adversidades: calor, cansaço, entre outros… Mas sempre com muito humor e boa disposição!

Ao longo da volta estive para morrer “à plusieurs reprises” isto porque para quem não sabe aquando da volta tinha-me alapado em cima de uma bicla somente 5 vezes.

Esta volta com ou sem treino é uma volta “mortal” e então com temperaturas próximas dos 40°C foi de “caixão à cova”.

Após atingirmos o Alto de Morgair (893 m) e chegarmos a Gontim, o nosso andamento foi interrompido. Um elemento de autoridade impediu-nos de seguir viagem. Um piloto de rally treinava. Depois de uma conversa com o agente, lá prosseguimos. Para mais explicações ver fotos respetivas (pura ficção 😊).

Toda a volta que se preze inclui, sempre, um almoço digno de registo, acompanhado de “líquidos” a condizer 😊. E esta volta não foi exceção! Batemos alguns recordes 😊. Como sabem calor e álcool são os ingredientes base para uma mistura explosiva, a exsudação não perdoa e leva-nos a cometer atos de pura loucura 😊 (ver uma das fotos).

Obrigado Pereira por me ajudares e forçares a resistir, a superar dificuldades, por à prova a minha resistência física e mental, são estes momentos de extrema dureza que me enchem o ego e me fazem acreditar que vale a pena andar neste mundo.

O BTT é isto mesmo, sofrer em cima de uma bicla, para mais tarde recordar com alegria (só para entendidos).

Aos restantes companheiros de “armas”: Viegas, Barros, Pedro, Rolando, haja saúde e sobretudo haja pernas para continuarmos a ter dias como estes. Parabéns!!!


Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira

Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…

Podem visualizar esta crónica com os respetivos comentários às fotos no FORUM BTT. Ler o post (resposta) #745 e 746.