No Gerês, quando sobe, sobe e quando desce, desce

Quem vier pedalar para o Gerês e pensar o contrário, está perfeitamente equivocado, e o melhor que tem a fazer é regressar à Terra Madre evitando desta forma muitos dissabores.

Tal como prometido nas anteriores crónicas, desloquei-me ao Gerês (moro mesmo ao lado 😊) com vista a participar na 2ª Maratona, neste caso ½ maratona +/- 40 kms.

Ainda antes do regresso a Portugal já tinha combinado com dois queridos amigos, um que conheço há mais de 40 anos (Pereira de nome) e outro (JAndrade ou se preferirem Salgado52), que conheci desde que me deslocalizei por intermédio das Crónicas de um Bravo do Pelotão por Terras Helvéticas.

Confesso que troquei várias PMs no Fórum BTT com o JAndrade e tinha um certo feeling quando à pessoa 😊. Acreditem que a encomenda saiu melhor do que o desejado, pois este revelou-se um autêntico Gentleman do BTT, sempre bem-disposto, com aquele olhar de quem sabe muito bem o que quer, sempre pronto a ajudar, sempre a indicar o caminho, qual timoneiro e sobretudo com uma humildade que muito aprecio.

Quanto ao Pereira e porque a nossa relação já é de longa data, por mais que rebusque, nunca encontrarei epítetos à altura. Homens como ele já não se fabricam, são os últimos de uma geração cujos valores foram forjados à custa de experiências de vida.

Como já devem ter depreendido quando início uma volta, o fator tempo é algo a que não ligo a mínima, isto é, tiro o dia para realizar o percurso, sem stress, sem tempo, sem pressão de classificação, etc…, aproveitando todos os momentos para saborear a plenitude dos locais por onde vou passando.

Sorte a minha pois os meus dois companheiros, acreditam e defendem o mesmo credo.

Andar no Gerês não é novidade para os Bravos do Pelotão, aliás, temos na nossa página cerca de 11 voltas catalogadas (tracks, fotos e altimetrias online), das quais destacava as voltas nº07, 14 e 46, uma vez que passam em algumas zonas desta 2ª Maratona do Gerês.

Sendo um dos meus terrenos de eleição sempre que rolo em Portugal, sabia de antemão o que me aguardava, pelo que acumulados de +/- 1’800 mts em 40 kms não me faziam “mossa”; aliás e só para aguçar o apetite, posso-vos adiantar que uma das próximas crónicas a postar, relatará uma aventura em que em apenas 22 kms realizei perto de 1’900 mts de acumulado de subida (como sempre, vale o que vale).

Claro que como trepador tenho uma apetência maior pela subida (adoro a sensação de sofrimento), mas como digo, isso sou eu…

Quando analisei o “roadbook” e vi o sentido de deslocação das 2 provas, percebi logo que a subida desde a ponte do Rio Caldo até à estrada que dá acesso ao caminho (+/- 6 kms) que nos conduziria à Pedra Bela iria ser mortal, uma vez que nas voltas que efetuo nessa zona (volta 14 e 46), costumo efetuar esse trilho a descer, mas é como em tudo na vida, “estamos sempre a aprender” e sendo um ávido de saber, deixei-me conduzir “with no more worries”,

Ao longo das diferentes subidas fui vendo muita gente a maldizer tudo e todos, mas aqui, nesta zona e porque o calor não perdoava, a grande maioria dos betetistas ia ao lado da bicla. Mal sabiam eles o que os aguardava (Pedra Bela rules). Nesta zona a única escapatória era a estrada que nos conduzia ao Gerês. Acredito que muita boa gente “à bout de forces et de nerfs” acabou por desistir aqui e não chegou a provar a “cherry on top of the cake”, ou seja a subida para a Pedra Bela 😊.

Desta estrada até à outra que dá acesso ao miradouro da Pedra Bela, temos de percorrer cerca de 3 kms para um desnível de 350 mts. Como veem é coisa pouca, mas no final de uma prova, isto foi a gota de água para muitos.

Para os amantes de downhill e se porventura aguentaram este desafio, logo após a chegada à Pedra Bela, era-lhes oferecido um super single, digno de algumas provas (mesmo para marados 😊).

JAndrade, para um “gajo” (não leves a mal, mas no Norte, esta palavra só se usa para os amigos, sem qualquer sentido pejorativo, aliás ofendias-me se assim não me tratasses e optasses por tipo 😊), quase a fazer 59 “primaberas” estás numa forma do cara…. Meus amigos rolei ao lado ou sempre atrás deste senhor e acreditem que o homem nunca desmontou.

Considero isto um feito e tenho de o enaltecer aqui isto porque por cima do seu avatar diz o seguinte “Se pedalares como falas…” (nem de propósito), pois este senhor não pedala, ele simplesmente voa e mostrou a muita malta nova como se faz. Continua assim, nunca mudes e obrigado pela companhia e simpatia.

Ao amigo Pereira, quero agradecer a paciência demonstrada sempre que parava para fixar um momento (vida de repórter é assim mesmo), por vezes nos piores locais, subidas ou descidas íngremes.

Bem sei que chegamos quase nos últimos, isto é 4h35 depois do 1º classificado (2h19), mas este é o BTT em que me revejo. Duro, puro e sem hora de chegada.

Esta prova fez-me recordar tempos que já lá vão em que participei com o amigo Pereira por 2 anos consecutivos no EXTREME XURÉS que se realizava do outro lado da fronteira, mas que por ser uma prova demasiado exigente, acabou por morrer naturalmente (falta de inscrições).

Tratando-se de uma crónica que narra os factos tal como os vivenciei, não emitirei aqui qualquer juízo de valor sobre o evento, uma vez que para isso existe o tópico (Rescaldos), para além de que sempre que recorro a um prestador de serviços, utilizo sempre o velho critério (se gostei, repito, se não gostei, mudo; tão simples quanto isso).

Para quem não pode participar e ficou cheio de vontade para o próximo ano, eis o link que melhor retrata os momentos vividos, by Mr. C.de.Scott dos Rocket Riders em http://player.vimeo.com/video/51005002 .


Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira

Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…

Podem visualizar esta crónica com os respetivos comentários às fotos no FORUM BTT. Ler o post (resposta) #241.