Para atingir o Col de Cou, tive de esquivar-me a uma interdição

Confesso que depois da última aventura, a vontade de regressar à alta montanha não era muita.

Comecei a ver no cardápio de voltas novas, aquela que poderia eventualmente ser mais calma, e ao fim de nem 10 minutos, acabei por cair na tentação de voltar a agendar uma volta acima dos 2’000 mts 😊.

Não sei o que se passa comigo, nem sei se esta sensação ou forma de encarar o BTT é comum na comunidade, deve ser o meu lado masoquista a falar, pois mal acabo de sofrer ao realizar uma volta, penso n’outra que me fará ainda sofrer mais; aliás julgo que sofro de um qualquer síndrome, pois parece-me que que quanto mais fod… é uma volta, mais prazer sinto 😊.

A volta inicia em “Vercorin” a 1’320 mts e basicamente passamos 16 kms a subir até atingir o “Col de Cou” a 2’528 mts. Daí é sempre a descer, quase sempre em singles (ver fotos) até “Nax” e finalmente a ideia era apanhar o comboio em “Sierre”, mas acabei por ir apanhá-lo a “Sion” a 491 mts, realizando mais 10 kms junto ao rio “Rhône”.

A parte mais difícil da volta foi a passagem dos 2’188 mts aos 2’349 mts em que em menos de 900 mts temos de vencer 160 mts de desnível (fotos 13, 14, 15 e 16 deste post).

Para ajudar à festa, quando desenhei a volta, constatei que podíamos passar diretamente dos 2’349 mts aos 2’528 mts em apenas 950 mts, mas aqui o “Je” gosta de complicar e então desenhou um desvio de cerca de 3,6 kms para atingir o mesmo ponto (foto 14 deste post).

Quando vi na mer.. em que me tinha metido, já era tarde e nada podia fazer, tinha de continuar.

Lembram-se do “Mutley” ou “Mumbly”, o cão do “Dick Detestável” do desenho animado “A Corrida mais Louca do Mundo” que passava na TV nos anos 80, pois esse cão era conhecido pelos dois sons que emitia quando se ria e quando resmungava.

Efetuei esses quase 4 kms em modo “Mumbly=resmungão” pois demorei mais de uma hora até atingir o ponto mais alto.

A meio do caminho cruzei um casal de caminheiros na casa dos 60, e não é que ao passar por mim, o “machu” dominante pergunta-me se não sabia que este trilho e esta zona era proibida a bicicletas, ao que respondi sorrindo da seguinte forma “Je sais que vous savez que je sais que ce parcours et cette zone sont interdites aux vélos, sinon vous n’auriez pas posé la question!”.

É claro que tinha visto a placa informativa aos 2’200 mts que indicava a referida interdição, quando tive de passar por cima da barreira proibitiva (similar às que se encontram nas linhas do comboio). Na mesma barreira também se encontra aposta outra placa que dizia para fecharmos a barreira depois de passarmos, vai daí, a dúvida instala-se.

Dito isto, encetamos uma amena cavaqueira e vim a saber que o homem também era um ferrenho praticante de BTT em versão VAE (Trek) e tal como eu, gostava de praticar este tipo de BTT alternativo a que dei o nome de “randonnées betetisticas”😊.

Claro está que temos de encarar sempre as dificuldades pelo lado positivo, pois se não fosse isso, teria perdido estas maravilhosas paisagens; assim como não poderia ter conversado cerca de 15 min. com dois companheiros em elétricas (Trek e Specialized), que viram-se “gregos” para perfazerem esses 950 mts e atingirem os 2’528 mts (ainda não foi criada a VAE com 15-17 kgs).

Dados da volta

- Altitude máxima – 2’528 mts

- Altitude mínima – 491 mts

- Acumulado de subida – 1’298 mts em apenas 16 kms 😊

- Acumulado de descida – 2’037 mts

- N° total de Kms – 45 kms

Já assim dizia Séneca “Aquilo que foi doloroso suportar torna-se agradável depois de suportado; é natural sentir prazer no final do próprio sofrimento” 😊.


Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira

Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…

Podem visualizar esta crónica com os respetivos comentários às fotos no FORUM BTT . Ler o post (resposta) #988 e 989.