Le sentier des chamois e neve, não combinam
Após o desaire de “Geltenhütte”, eu e os meus companheiros estávamos com fome de caminhar e não parecendo já tinha decorrido quase um mês desde a última aventura.
Pelos nossos cálculos dentro em breve a neve começaria a derreter e isso sim meus amigos é um perigo, pois as avalanches nessa época são uma constante.
A ideia era irmos até “Verbier”, arrancar de “La Chaux” a 2’260 mts, subir até ao “Col Termin” a 2’648 mts e daí descer até ao “Lac de Louvie” a 2’214 mts e de seguida descer até à aldeia de “Fionnay” a 1’491 mts. Falamos de 5 horas de caminhada para efetuar +/- 13 kms.
Embora as condições meteorológicas não fossem as ideais, decidimos erroneamente arriscar, o que se revelou mais tarde ter sido uma péssima decisão, aliás, estamos a ficar peritos em tomar decisões malcheirosas 😊 (só para entendidos).
Quando iniciamos a volta o tempo embora frio, ventoso e nublado parecia aparentemente estável, mas isso foi sol de pouca dura, pois mal entramos no trilho propriamente dito, começou a chover com uma certa intensidade. Toca a sacar das capas tipo “poncho” e pé ante pé lá fomos avançando.
Como poderão constatar o trilho a efetuar não era para brincadeiras, isto é, grande parte dessa zona encontrava-se salpicada de diversas marcas de avalanches (facilmente reconhecíveis nas fotos pela neve de cor mais escura e revolta).
Por diversas vezes nessa zona ponderamos se deveríamos prosseguir pois a neve com a chuva apresentava-se muito mole (ver uma das fotos em que a neve mais parece gelo picado tipo caipirinha). Foi a subir uma escarpa bastante inclinada nessa zona (ver fotos) que tomei a decisão de abortar a volta, passo a explicar.
Como sempre, fico a fechar o grupo, pelo que nessa zona e estando a neve mole, os meus camaradas pisaram-na de tal forma que à minha passagem enterrei-me cerca de 50 cms, e foi aí que senti pela primeira vez o que é uma pessoa afundar-se em areias movediças, pois a cada movimento parecia que me enterrava cada vez mais. Confesso que me assustei a valer pois como devem ter reparado, estávamos num plano bastante inclinado, pelo que bastava que um bloco dessa neve se desprendesse (coisa perfeitamente normal, atendendo às condições) para que fosse levado por aí abaixo, embrulhado nesse manto branco e quiçá 500 mts mais abaixo talvez parasse.
A partir desse momento decidimos plantar a tenda por outras paragens, tendo aproveitado para tirar algumas chapas à la “Usain Bolt” ou à la “Van Damme”.
Dou por finda esta crónica com uma bela tirada de Tucídedes na Guerra do Peloponeso “De espírito forte devem ser considerados, e com razão, os que, mesmo conhecendo claramente as dificuldades da situação e apreciando os prazeres da vida, justamente por isso não se retiram diante dos perigos”
Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…
Alexandre Pereira
Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…
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