De Chandolin vi-me grego para atingir o cimo do Col des Ombrintzes

Chegada a altura de verão, aqui o “Je” fica com um apetite insaciável de galgar montanhas e vai dai, põe-se a desenhar tracks malucos 😊.

Desta vez, resolvi arrancar em “Chandolin” a 2’000 mts, para efetuar uma volta com cerca de 54 kms.

Apanhei o comboio das 07h00 da manhã e mais tarde um autocarro, sendo que pelas 09h30 estava a dar início à volta em companhia de mais duas pessoas.

No autocarro conheci um pai e seu filho holandeses que estavam de férias durante uma semana por estas bandas. Iam para a minha zona, mas queriam fazer “render o peixe”, pelo que lhes propus que se juntassem a mim. Ele há coincidências, não é que o pai tinha a mesma idade que eu e fazia anos no mesmo mês só que ele era virgem e eu balança 😊.

Ambos estavam em excelente forma pois logo nos primeiros kms desapareceram de vista e ainda bem que assim foi, pois penso que me teriam amaldiçoado se tivessem vindo comigo, para além de que não gosto de colocar em risco a vida de ninguém.

Dados da volta

- Altitude máxima – 2’760 mts

- Altitude mínima – 538 mts

- Total de kms – 44,75 kms

- Acumulado de descida – 2’447 mts

- Acumulado de subida – 1’110 mts

De salientar que em 1,5 kms tive 240 mts de desnível, é quase como se a cada 100 mts percorridos subisse 16 mts. Foi por isso que demorei nessa zona e com a ajuda da neve, quase 1h00 para percorrer 700 mts. As fotos falam por si.

Realmente quando cheguei a “Le Tsapé” a 2’470 mts e me propunha subir aos 2’760 mts (foto 7), acabei por falar com os 2 caminheiros que se veem numa das fotos. Estes informaram-me que era muito complicado ainda por cima com uma bicla pois o terreno era sobretudo constituído por grandes calhaus e o risco de queda era enorme. Disseram-me ainda para não demorar muito na zona pois devido às grandes amplitudes térmicas a rocha tinha tendência a desagregar-se e era normal formarem-se pequenas “avalanches” de calhaus. Para me motivar ainda mais disseram-me que haveria uma zona onde a cada passo dado em frente iria dar dois para trás (daí se depreende que a inclinação deveria ser mesmo enorme). Poderiam ter-me avisado que nesta altura do ano ainda encontraria tanta neve 😊.

Quem me conhece, sabe que todas estas recomendações e avisos são música para os meus ouvidos, mas quando cheguei à dita zona, aí a música foi outra. Desde que por aqui ando e já lá vão quase 9 anos, foi a primeira vez que me senti tão desamparado, em que cada passo dado era um verdadeiro suplicio.

Deixo-vos imaginar o prato que poderia ter dado com os seguintes ingredientes (terreno com grandes calhaus, pontiagudos e cortantes + neve (quase gelo) + escarpa com inclinação de 45° + bicla ao ombro + sapatos de BTT com clits + nada a que se agarrar em caso de queda ou deslizamento), enfim, nunca disse tão mal da minha vida.

É nestas alturas que um tipo se agarra ao que pode e com a ajuda de Deus e os Santos protetores, lá consegui ao fim de quase uma hora perfazer esses 700 mts .

Confesso que tive sorte, pois se tivesse acontecido algo, não estaria com certeza aqui para vos contar.

Claro que todo este sofrimento da subida para atingir o “Col des Ombrintzes” foi largamente compensado pelas descidas e paisagens que se seguiram (ver fotos).

É, pois, como disse Tennessee Williams “Não olhes para a frente para o dia em que vais parar de sofrer, porque quando esse dia vier saberás que morreste.”

Acabei por não realizar a volta agendada na sua totalidade, mas penso ainda antes do Verão acabar, voltar a esta zona, pois a volta agendada na segunda parte passaria pelo “Lac de Illse”. O seu a seu tempo 😊.


Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira

Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…

Podem visualizar esta crónica com os respetivos comentários às fotos no FORUM BTT. Ler o post (resposta) #882 e 883.